No final do século XIX, grande parte da borracha comercializada no mundo era produzida nos seringais da Bacia Amazônica. A geração de empregos na região atraiu muitos nordestinos que sofriam com a seca e grande parte destes migrantes destinou-se ao território do Acre, que o governo brasileiro até 1903 reconhecia como boliviano. A ocupação do Acre pelos brasileiros, juntamente com ações diplomáticas equivocadas, gerou tensões entre Bolívia e Brasil. Este problema ficou historicamente conhecido como a Questão do Acre. Considerada neste trabalho como o período desde o Tratado de Ayacucho (1867) até o Tratado de Petrópolis (1903), a Questão do Acre oferece exemplos claros da interdependência entre diplomacia e ação militar, bem como da articulação, inicialmente equivocada, dessas duas ferramentas da política externa. Fundamentado na coleta de dados por meio de pesquisa bibliográfica, valendo-se de fontes secundárias e terciárias, e na análise qualitativa dos dados, este trabalho propõe analisar a interdependência entre diplomacia e ação militar durante este período. Após considerar os diversos casos em que essa relação pôde ser evidenciada, conclui-se que a solução da Questão do Acre, materializada pelo Tratado de Petrópolis, pode ser atribuída à consciência dessa interdependência – tanto pelo Barão do Rio Branco, Ministro das Relações Exteriores, como por Plácido de Castro, chefe militar da Terceira Revolução Acreana. Por fim, coloca-se em perspectiva o distanciamento histórico e corrente entre poder político, diplomacia e pensamento militar, prejudicando o exercício de uma política externa coerente e integrada.